Raro fora do Nordeste, cacto gigante chama atenção de moradores em Ribeirão Preto, SP

Raro fora do Nordeste, cacto 'gigante' chama atenção em Ribeirão Preto, SP Um mandacaru com mais de seis metros de altura tem chamado atenção de moradores ...

Raro fora do Nordeste, cacto gigante chama atenção de moradores em Ribeirão Preto, SP
Raro fora do Nordeste, cacto gigante chama atenção de moradores em Ribeirão Preto, SP (Foto: Reprodução)

Raro fora do Nordeste, cacto 'gigante' chama atenção em Ribeirão Preto, SP Um mandacaru com mais de seis metros de altura tem chamado atenção de moradores de uma residência na zona Leste de Ribeirão Preto (SP). A planta, nativa da caatinga, é comum na região Nordeste do Brasil e não ocorre naturalmente no Estado de São Paulo, o que torna o exemplar ainda mais curioso. Atual morador da casa, o aposentado Anésio Barão Parisi vive há cerca de dez anos no local e afirma que, desde que se mudou, o cacto vem crescendo mais e mais. "Já faz dez anos que a gente mora aqui e ele mudou muito pouco e ainda cresceu aí um metro, mais ou menos. Mas ele parece ser bem antigo aqui no local", afirmou Anésio. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Ao g1, o botânico Milton Groppo, professor titular do Departamento de Biologia da USP Ribeirão Preto (FFCLRP), explicou que o cacto pertence à espécie Cereus Jamacaru e pode ter se desenvolvido no local por décadas, sem ser percebido. "É um exemplar introduzido, ele é nativo da caatinga e áreas de cerrado, incluindo áreas de afloramentos rochosos, além de também ocorrer em outros países da América do Sul". Cacto Mandacaru em diferentes períodos do dia Murilo Corazza/g1 A altura do cacto impressiona Milton, que afirma que exemplares deste tamanho são raros fora da caatinga, onde, devido às condições climáticas, como chuvas irregulares e secas, chegam até dez metros de altura. Ainda de acordo com o biólogo, em regiões semiáridas, o desenvolvimento está diretamente ligado às chuvas. No Sudeste, onde o volume de precipitação é maior, o crescimento pode ser um pouco mais acelerado no início, porém, ainda assim, demanda décadas. "Em seu habitat natural, a caatinga, o crescimento está diretamente ligado aos ciclos de chuva, com o desenvolvimento vegetativo ocorrendo principalmente na estação chuvosa. Em outras regiões, pode crescer mais rápido no início se o solo for profundo e bem drenado, com chuvas regulares. Mas esse cacto, em particular, deve ter, pelo menos, 30 anos". Apesar dos espinhos, o mandacaru floresce uma vez por ano, no período de transição entre a primavera e o verão. As flores são grandes, brancas e se abrem apenas à noite, permanecendo visíveis por poucas horas. "Ele só dá flores e fica muito bonito quando está florido", conta Anésio. Flor desabrochando no cacto Mandacaru Murilo Corazza/g1 Papel cultural e econômico O cacto mandacaru é uma das plantas de grande importância na cultura nordestina, considerada símbolo da caatinga e presente nas letras de músicas de cantores populares da música brasileira como Luís Gonzaga, Chico César, Dominguinhos. "O mandacaru tem grande importância cultural, estando presente em músicas e poesias nordestinas, como na música do Luís Gonzaga 'Xote das Meninas'", afirma o pesquisador. Além da relevância cultural, a espécie é muito conhecida pelo poder econômico e medicinal, podendo ser utilizada como cerca viva e em remédios caseiros para problemas respiratórios, gastrointestinais, inflamações, feridas na pele e até doenças renais. Cacto Mandacaru está presente na música "Xote das Meninas" de Luiz Gonzaga Murilo Corazza/g1 Segundo Milton, o mandacaru ainda é responsável por gerar frutos comestíveis, que servem de alimento para a fauna local. No semiárido nordestino, estes cactos também são utilizados como forragem para animais em períodos de seca. Duradouro e rústico Milton Groppo explica que o mandacaru é uma planta rústica e de fácil manutenção, exigindo poucos cuidados além de sol direto e solo bem drenado. Ainda segundo ele, a resistência é tanta que a espécie suporta longos períodos de seca sem apresentar danos aparentes. Anésio diz que a planta que ele tem no quintal de casa não sofre nem mesmo durante as estiagens mais severas. "Nunca tive nenhum cuidado especial. Ele é bem rústico mesmo. Inclusive, no tempo da seca, ele nem sente a estiagem". Apesar da resistência, o mandacaru enfrenta desafios ambientais. De acordo com o biólogo, a espécie ainda não é considerada ameaçada de extinção, mas sofre forte pressão devido ao desmatamento excessivo e ao uso intensivo como forragem em regiões onde ocorre naturalmente. "O mandacaru não está classificado como espécie ameaçada, porém sofre pressão pelo desmatamento e pelo uso intensivo como forragem na região de ocorrência", explicou. Cacto Mandacaru é conhecido por ser rústico Murilo Corazza/g1 *Sob a supervisão de Flávia Santucci Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região